“Precisamos garantir que crianças tenham um futuro no presente” – Angela Barbarulo
A praça São Sebastião, que fica localizada na Vila Moraes, bairro localizado no distrito de Sacomã, região Sudeste da Cidade de São Paulo, na Avenida Presidente Tancredo Neves X Rua Fosca, foi revitalizada trazendo um novo conceito de lazer e apresentada como um play lúdico, ou seja, uma área de lazer voltada aos pequenos da comunidade local.
Movidas pela curiosidade e focadas em questões como, se o espaço é acolhedor, se possibilita o pertencimento, as interações, a curiosidade, o brincar, as relações… fomos até lá. Já imaginávamos a possibilidade de um novo pulsar de vida, de sons e risadas ocupando esse espaço e o quanto espaços assim são importantes para as famílias devido a escassez de lugares com gratuidade e pensados para as crianças.
Acreditamos que os espaços da cidade precisam ser de interAÇÕES dos bebês e crianças, afinal a infância deles é agora, no presente!!!
Então vamos relembrar.
Os parques infantis surgem em São Paulo nos anos de 1930, como espaço público de lazer e proteção às crianças. Esse equipamento urbano e social carrega em sua essência a valorização da brincadeira e uma imbricada relação com a(s) infância(s) e seu desenvolvimento saudável. Projetados em amplos espaços nas regiões mais fabris da cidade enveredou pelo apelo à necessidade de proteção às crianças numa sociedade que já sentia o efeito da industrialização e a ausência da mulher nos afazeres domésticos e cuidados da família. De lá pra cá ocorreram importantes transformações em relação às necessidades das famílias e especialmente de bebês e crianças pequenas numa sociedade sacudida pelo medo da violência, e a precariedade de lazer infantil nos endereços mais periféricos dos grandes centros como São Paulo.
Reiteramos a ideia de que é preciso deixar a criança brincar ao ar livre e em contato com a natureza para favorecer seu desenvolvimento e a interação com o meio, o outro, as coisas e o mundo. Diante disso, as praças e os parques continuam sendo locais privilegiados para encontros e vivências das crianças, por possibilitar experiências com elevado significado para elas.
Nessa Conversa no Cais queremos deixar nossas impressões e contribuir com ideias para que novos espaços sejam pensados e projetados com vários fatores que implicam o respeito pela primeira infância. E sim, a criação desses espaços são muito bem vindos, sempre!
Pensando em estética, segurança e movimentos desafiadores numa cidade em que grande parte da população tem nos espaços públicos, seus quintais, é importante que os órgãos públicos e privados, quando se propõem a ofertar áreas de lazer com um olhar voltado para a faixa etária de zero a 6 anos, considerem no planejamento:
Um plano de acompanhamento e manutenção contínuos são imprescindíveis para garantir o bem estar e o convite permanente ao uso, considerando as normas técnicas vigentes.
É bom afirmar que não se trata de desconsiderar o projeto da PMSP, mas uma cidade com uma grande população de 0 a 6 anos precisa olhar para as especificidades que considerem de fato esses sujeitos.
Sabemos que cada espaço conserva características específicas e essas são algumas ideias, que com certeza podem ser ampliadas e melhoradas, principalmente quando garantido o diálogo entre secretarias (assistência social, segurança pública, saúde, cultura, esporte e lazer, educação) e junto à população. Talvez essa seja a grande mudança tão necessária.
Olhe o que separamos para você
Perfil das crianças do Brasil – IBGE/2018
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS – UNICEF – 1959
Quais as normas referentes a brinquedos de Playground? — INMETRO – 2022
Criança Segura – ONG
Diálogos entre Arquitetura, Cidade e Infância: territórios educativos em ação – 2019
LIMA, Mayumi Souza. A Cidade e a Criança. São Paulo: Nobel, 1989 – Coleção Cidade Aberta. O terceiro capítulo do livro aborda o tema “Parques infantis”. A autora sugere que esses espaços sejam planejados para estimular todo potencial da criança e a sua curiosidade, permitindo a sua intervenção e que seja possível a apropriação desse espaço pelas crianças. p.72