Tão simples e tão complexo… Quando o público é um bebê de zero a um ano, são muitas as descobertas que o adulto leitor fará. Isso porque não se trata de apresentar a escrita e interpretação da linguagem, mas envolver o bebê nesta relação sensível e delicada do humano que é ouvir, sentir, encantar-se e ter contato com um legado cultural.
A leitura na primeira infância promove experiências significativas com as linguagens a partir do contato com os livros. A relação dos bebês com a palavra lida tem uma relevância significativa nas primeiras relações afetivas. As experiências ligadas à arte, e dentre elas a literatura são importantes para o desenvolvimento das potencialidades infantis, principalmente quando mediadas pelo adulto ou alguém mais experiente. Ao ser apresentado ao mundo através dos livros, o bebê alimenta sua imaginação e percepção do mundo, que se dá a partir das suas reações durante e após a leitura. São muitas as contribuições da neurociência e o papel da literatura para o desenvolvimento infantil.
Gostar de histórias se aprende
Ler e contar histórias são conhecimentos diferentes que precisam permear o universo infantil. Contar é diferente de ler e requer habilidades e estratégias diferentes, sendo ambas de grande riqueza para os bebês.
É importante não priorizar uma em detrimento da outra, algo que por vezes pode acontecer devido ao tempo inicial de atenção que os pequeninos costumam ter. Mas o interesse aumenta à medida que eles vão conhecendo um bom leitor! Ah sim, eles sabem reconhecer e se tornam curiosos pelo o que está por vir!
Bebês são grandes observadores e aprendem rápido, por isso o exemplo é fundamental.
Uma boa experiência leitora, está mais relacionada ao modo como ela acontece e a frequência com a qual ocorre, do que necessariamente a este ou aquele livro.
Segundo Winnicott, nos primeiros meses de vida do bebê há uma dependência absoluta de um adulto. Nesse sentido, para o bebê que ainda não rasteja, engatinha ou vira o corpo, o contato com o livro precisa da disponibilidade de um adulto para ser esse leitor.
Já com o bebê que engatinha ou que de alguma forma se locomove pelo ambiente, é possível aprender muitas coisas para uma construção afetuosa desse vínculo do bebê com o livro, as histórias e quem as lê. Observe:
Inicialmente é uma ação misteriosa tantas palavras que saem da boca do adulto que lê; o bebê olha atentamente à medida que vai escutando. Ele está concentrado em memorizar os gestos e as palavras. Ainda não sabe nada sobre as palavras, mas sabe que naquele livro as encontra e repete balbucios com as mesmas entonações e sonoridades com as quais foram lidas repetidas vezes a seu pedido.
Habituar o bebê a ouvir histórias a se relacionar com o livro, desenvolve o desejo de ler. O adulto exerce um papel fundamental nessa relação do bebê com o livro, assunto a ser tratado na próxima publicação.
Olhe o que separamos para você
Lima, Elvira Souza. A incrível aventura dos primeiros dois anos de vida. Editora Inter Alia. 2021.
Winnicott, Donald. Tudo começa em casa. Editora Ubu, 2021.
Sugestão de leitura para bebês: Dia de Lua (Renato Moriconi, Jujuba Editora), O que tem aí? (Rosinha, Jujuba Editora), A Casa (Vinícius de Moraes, Companhia das Letrinhas), Chama o Sol, Matias! (Sonia Rosa, Oficina Raquel).