Atualizado em 07/11/23.
A conversa aqui no Cais é para falar sobre crianças que nasceram no século XXI, em plena era da globalização, onde somos influenciados pelas redes midiáticas e passamos a ser visto como um consumidor em potencial. E como ficam os bebês e as crianças nessa história?
Sempre que falamos de crianças e brinquedos normalmente surgem questionamentos quanto ao preço e quantidade destes, como por exemplo, quantos brinquedos são necessários ter por criança, em casa, na escola, na brinquedoteca, no parque e que tipos de brinquedos, se os mais caros ou os mais baratos. Acaba geralmente ficando em segundo plano pensar sobre a segurança ou a qualidade do brinquedo. Afinal, será que a quantidade de brinquedo é um fator importante para uma boa brincadeira? É preciso também, em situações coletivas, questionar se é necessário ter vários brinquedos do mesmo tipo, como se as crianças fossem todas, ao mesmo tempo, brincar da mesma coisa.
É comum tanto no contexto familiar, quanto no escolar, cenários que revelam brinquedos fora do alcance das crianças em prateleiras ou armários utilizados para enfeitar ambientes. Tal atitude acaba sendo justificada pelo fato das crianças quebrarem, estragarem, ou mesmo, pelo fato, de não os organizarem de um modo eficiente ao olhar do adulto após o uso.
Ao longo do tempo houve uma expansão e o aprimoramento do brinquedo que ganharam com isso diferentes possibilidades e jeitos de brincar nas diversas culturas.
Atualmente, ele acompanha o mercado de consumo tornando-se um produto, com exposição apelativa nas mídias e competição mercadológica, um objeto de desejo para o público infantil, que na maioria das vezes, quando consegue o brinquedo desejado, logo se desinteressa.
Brincar é prazeroso para as crianças, uma ação de grande relevância durante toda a vida e, na infância, se traduz na principal linguagem. É fundamental para a manutenção da cultura, no entanto exige tempo, total atenção e entrega dos adultos que por vezes tentam se manter distante das brincadeiras infantis, não é raro vê-los resistindo aos apelos das crianças, com o seu “vem brincar comigo”, entretanto, o que observamos é o abandono dessa atividade à medida que vamos crescendo.
É importante ficar atento para o apelo da sociedade industrializada que tem fomentado o consumo e a ideia de que para brincar é necessário ter uma coleção ou muitos brinquedos.
Esperamos que essa conversa aqui no CAIS possa contribuir com a reflexão sobre como somos impactados pelos apelos comerciais e pela velocidade dos avanços tecnológicos na sociedade, em especial, os bebês e as crianças, que cada vez mais, têm sido alvo dos apelos consumistas desenfreados. Por outro lado, é importante não perder de vista que eles são também a porta de entrada para atitudes mais sustentáveis. Como estamos formando as crianças para isso? Embora esse percurso pareça simples ou natural, não é, e se torna com certeza, um dos maiores desafios da contemporaneidade. Vamos reverter esse cenário?
Olhe o que separamos para você
BROUGÈRE, G. Brinquedo e Cultura. 20 questões da nossa época. Revisão técnica e versão brasileira adaptada por Gisela Wajskop. Ed Cortez. 2021. Brinquedo e cultura trata de compreender a razão pela qual as sociedades industrializadas produzem brinquedos na profusão que o fazem. Com esse objetivo, procura determinar a função social e o significado dos brinquedos nos dias de hoje: para que serve um brinquedo e qual a mensagem que ele transmite? De que modo a criança se utiliza dos objetos que lhe são dados para brincar? O brinquedo produz uma certa imagem de criança marcada pela maneira como a própria sociedade a percebe; a riqueza de significados das imagens e representações produzidas por esse brinquedo torna-se evidente no momento em que a criança entra em contato com ele: é a dinâmica dessa relação que precisa ser estudada quando queremos ter uma compreensão cultural do brinquedo. Nesta perspectiva, a brincadeira aparece como o lugar em que a criança traduz e recria as imagens e representação que lhe são propostas.
Globalização é a atual fase do capitalismo mundial. Pode ser definida como o processo de integração entre os países. Apresenta-se em dois tipos: globalização econômica, produzida pela hegemonia do sistema capitalista no mundo, e globalização cultural, caracterizada pela mundialização dos hábitos de consumo. Site: Globalização: o que é, tipos, fases, efeitos – PrePara Enem. Acesso em 26/4/23.